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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Minha Filha desde que Nasceu e Paciente e Usuária da AACD

Katyusco de Farias Santos*

Talvez poucos saibam, mas minha filha que hoje se encontra com 3 anos e 9 meses, é paciente da AACD - Associação de Assistência a Criança Deficiente - desde que nasceu.

Não... ela não nasceu com graves problemas. Nasceu com o pé direito torto que "erroneamente" posicionava-se para dentro, e não para a frente. A foto à direita é de suas pernas e pés, logo que nasceu.


Para o caso dela, um dos tratamentos mais eficientes, e menos invasivo, se constitui em iniciar o reposicionamento do pé, o quanto antes, para aproveitar a maleabilidade do tecido ósseo dos recém-nascidos. Depois de reposicionado, é necessário usar órteses específicas e de forma rotineira e constante por cerca de 4 anos, com monitoração de sua evolução.
Então, com apenas oito dias de nascida, seu pezinho foi reposicionado para o mais próximo possível da posição correta, sem anestesia, e em seguida engessado. Nossa.... lembro como ela sentiu dor. Pois, chorou que desmaiou!

Como os bebês crescem, em altura e em massa, de forma continua, era preciso trocar o gesso semanalmente: era retirado em casa, e recolocado na clínica pelo ortopedista que a acompanhava e que era o mesmo que atendia na AACD.

 


Depois da fase do gesso, quando ela passou a utilizar as órteses, começamos (eu, minha esposa e minha filha) a ser usuários, pacientes, frequentadores e admiradores do trabalho desenvolvido pela AACD. Usuários porque pagávamos pelas órteses que lá eram fabricadas: uma goteira para a rotina diária (a esquerda) e outra para dormir (a direita). Pacientes, porque mesmo pagando (já que podíamos, e assim o fizemos), ficávamos na mesma fila em que ficavam os menos favorecidos. Frequentadores, porque quando as órteses não mais dão (ela ainda hoje continua usando) para nossa filha, nós as doamos para a própria AACD que as reforma e as disponibiliza gratuitamente para os que não podem pagar. Já a admiração se dá por diversos fatores:  pela estrutura e instalações físicas, pela dedicação, profissionalismo e capacidade técnica dos funcionários e voluntários, também, é impossível não se sensibilizar com a quantidade e a gravidade dos pacientes, ao mesmo tempo que também é impossível não se encantar com as histórias de superação.

Enfim, o papel social da AACD é indiscutível quer para quem pode pagar quer para aquelas crianças que estão à margem dos serviços especializados de reabilitação. Claro que aperfeiçoamentos são sempre necessários, e que um ou outro deslize no atendimento acontece. Mas, dado o que já presenciei na AACD, eu endosso qualquer iniciativa que seja para ajudar a essa instuição. E, se o estado brasileiro não cumpre com o seu dever de cuidar dessas crianças, esse não deve ser o motivo para não exercermos nossa cidadania: "Eu já fiz minha doação para o Teleton(www.teleton.org.br)".
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Perto das histórias de vida e da gravidade de algumas deformidas e deficiências, que vi na AACD Recife, agradeço ao ser supremo por ter me dado uma filha, apenas com um pézinho torto lindo!
Contudo, ele passou por uma prova de superação maior: Depois da terceira troca do gesso, com 21 dias de nascida, ela contraiu uma meningite bacteriana gravíssima. Beirou a morte, mas após alguns dias hospitalizada, para nossa (nós pais) felicidade ela sobreviveu. Foi submetida a uma bateria de exames, cujos resultados apontaram um atraso no seu desenvolvimento motor.... Mas, isso é escrita para um outro post.

* Professor do Instituto Federal de Pernambuco e doutorando da Universidade Federal de Campina Grande

Nota do Blog: Fui aluno do professor Katyusco e este texto foi extraído do seu blog Devaneios e Experiências http://devaneios-e-experiencias.blogspot.com

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